Com foco no equilíbrio fiscal e fortalecimento social, medidas alinham despesas e receitas, ampliam justiça tributária e promovem transparência nos programas públicos para economizar R$ 70 bilhões em dois anos
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Explosão de consumo e classe média emergente
No ano de 2009, apesar da profunda crise econômica internacional, que impactou o Brasil e levou o PIB a crescimento negativo (-0,2%), o consumo cresceu 4,1% e o varejo 5,9%.
A economia brasileira vive uma transformação estrutural desde 2005, quando o consumo das famílias passou a crescer a taxas sistematicamente superiores à expansão do PIB. De outro lado, a conjunção positiva de níveis de emprego, renda, massa salarial, crédito e confiança fizeram o varejo nacional crescer acima do PIB e do consumo nos últimos seis anos. No ano de 2009, apesar da profunda crise econômica internacional, que impactou o Brasil e levou o PIB a crescimento negativo (-0,2%), o consumo cresceu 4,1% e o varejo 5,9%.
Deflagrou-se, portanto, um processo dinâmico no mercado interno que alimenta a demanda e permite ao varejo crescer de forma contínua e acelerada. As projeções da GS&MD – Gouvêa de Souza para 2010 apontam para expansão do consumo de 7,5% e do varejo de 8,5%. O excelente desempenho do primeiro trimestre mostra que há potencial para taxas maiores de crescimento.
As bases para o crescimento vigoroso do consumo e varejo no Brasil começaram com o Plano Real, os programas sociais de distribuição de renda – que culminaram no bolsa família – expansão do salário mínimo, barateamento e ampliação de crédito, além do crescimento econômico que gerou emprego e aumento de renda. Este processo vem transformando a estrutura sócio-demográfica do País e dando origem a uma classe média emergente.
As classes B2/C já respondem por cerca de 43% do potencial de consumo nacional. Sua participação nas famílias brasileiras pulou de 50% para 60% ente 2003 e 2009. O potencial de elevação de consumo decorrente da expansão e aumento de renda discricionária da classe média emergente atrai investimentos e interesse por empresas de consumo e varejo pelo mercado brasileiro. Esta classe vem aumentando seu padrão de consumo, conectando-se a internet, já usa celular, está se motorizando e preserva traços culturais que condicionam a forma como definem suas escolhas de canais, marcas, produtos e lojas.
O fenômeno e a perspectiva de expansão da classe média emergente trazem consigo o crescimento da região Nordeste. Quarenta e seis por cento das famílias da região recebem o benefício do Bolsa Família e quarenta e dois por cento dos trabalhadores formais ganham salário mínimo. Com a expansão de ambos, o benefício no Nordeste é maior. Adicionalmente, investimentos em infra-estrutura, turismo e migração fabril vêm contribuindo para o dinamismo e perspectivas na região.
Empresas que sabem se relacionar com esses consumidores colhem os frutos. O formato de “atacarejo”, interpretação brasileira que transformou o Cash & Carry europeu em hipermercado para consumidores de baixa renda, vem ganhando espaço no varejo de alimentos e atraiu o interesse de Carrefour (que adquiriu a rede Atacadão), Grupo Pão de Açúcar (que adquiriu a rede Assai) e Walmart (que vem expandindo o formato Maxxi). Lojas como Assai, Atacadão, Marisa, Leader, Pompéia, Esplanada, Riachuelo, Torra, Cacau Show, Habib’s, Armazem Paraíba, Magazine Luiza e Insinuante souberam evoluir com seus clientes, entender suas transformações, expectativas e demandas e projetam-se como negócios em expansão.
Se a economia brasileira mantiver uma taxa de crescimento médio de 4,5% ao ano, até 2014 o mercado de consumo poderá atingir R$ 2,6 trilhões e o varejo – excluindo veículos e combustíveis – movimentará cerca de R$ 830 bilhões por ano. A classe média será um importante motor da expansão e as empresas que souberem decifrar seu comportamento e expectativas viverão um período de grandes oportunidades.
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