Com foco no equilíbrio fiscal e fortalecimento social, medidas alinham despesas e receitas, ampliam justiça tributária e promovem transparência nos programas públicos para economizar R$ 70 bilhões em dois anos
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Dólar volta a cair e já está no nível pré-crise
Moeda americana fecha a R$ 1,69, menor valor desde 3 de setembro de 2008
O dólar voltou para o nível em que se encontrava antes do estouro da crise econômica mundial. A moeda americana encerrou a quinta-feira valendo R$ 1,692, menor valor desde 3 de setembro de 2008, 12 dias antes da quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers.
Nas últimas semanas, a pressão pela valorização do real veio de todos os lados: tendência global de desvalorização do dólar, capitalização da Petrobrás e emissões recordes de empresas brasileiras no exterior, entre outros fatores.
A situação preocupa o governo por causa do impacto negativo que o real mais forte provoca nas exportações brasileiras, sobretudo de bens manufaturados. Além de preparar medidas para tentar conter a tendência (que só devem ser anunciadas após o primeiro turno das eleições), autoridades têm reclamado da postura das nações desenvolvidas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, classificou o atual momento do mercado de câmbio global como uma "guerra".
Ontem, foi a vez de o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, criticar os países desenvolvidos, que têm procurado manter suas moedas fracas para estimular as exportações e, com isso, alavancar o crescimento econômico.
"Nós não podemos simplesmente permitir que as nossas economias sejam desequilibradas enquanto permitimos que outras economias sejam equilibradas", afirmou, em Londres.
Ele se referia a medidas de expansão monetária promovidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que têm como efeito colateral a desvalorização do dólar em relação a outras moedas.
Nos bastidores, porém, integrantes de alto escalão do governo admitem que, na atual conjuntura, é impossível brecar a valorização do real. Só é factível amenizá-la. Em primeiro lugar, por causa do movimento dos investidores globais em busca de maior rentabilidade nos países que mais crescem hoje, justamente os emergentes.
Em segundo, porque o Brasil precisa financiar, nos próximos anos, pesados investimentos. Como não dispõe de recursos suficientes internos (porque nem o governo nem o setor privado têm poupança para tanto), precisa importar capital.
Quando importa capital, um efeito colateral é a valorização do real. Foi o que ocorreu em setembro, antes, durante e depois da megacapitalização da Petrobrás, que trouxe para o País quase US$ 25 bilhões.
A economista-sênior para América Latina do RBS, Zeina Latif, projeta um dólar a R$ 1,75 no fim deste ano e R$ 1,85 no fim do ano que vem. Segundo ela, apesar dos fluxos provavelmente positivos para o Brasil nos próximos anos, o real deve se desvalorizar por causa do forte crescimento do déficit em conta corrente (que mede as relações de uma nação com o exterior e inclui, por exemplo, balança comercial e de serviços).
O próprio Banco Central divulgou recentemente que projeta um rombo recorde de US$ 60 bilhões na conta corrente no ano que vem, o equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB). / COM REUTERS
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