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Inflação segura o ganho das empresas
Empresas não conseguiram elevar preços ao consumidor, apesar do aumento de custo dos insumos
As empresas brasileiras venderam muito, mas lucraram pouco no segundo trimestre deste ano, mostra estudo da consultoria Economatica.
O estudo revela que o aquecimento da economia beneficiou as empresas com forte expansão nas vendas, mas as companhias não conseguiram repassar o aumento dos preços de insumos e da mão de obra para seus produtos e serviços. O resultado foi a redução geral nas margens de ganho.
Na pesquisa, as companhias conseguiram vender 10,7% mais no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2010.
No entanto, o ganho no negócio principal (lucro operacional) ficou estacionado, aumentando só 1,8% na comparação com 2010.
Para Fernando Exel, presidente da Economatica e autor do estudo, esse "descompasso" entre vendas e lucros só pode ser explicado pela combinação de dois fatores:
1) O consumidor não aceitou preços maiores e as empresas tiveram de absorver sozinhas a alta de custos;
2) Para ganhar mercado (ou enfrentar a concorrência), as companhias tiveram de reduzir os preços.
"Acendeu a luz amarela. Podemos ver um problema se formando para o terceiro trimestre, que pode ser ainda mais difícil para as empresas. O custo de produção aumentou e é possível que o chamado 'custo Brasil' também tenha aumentado", disse Exel.
O levantamento da Economatica considera 256 empresas com ações em Bolsa, mas exclui bancos, Vale e Petrobras devido ao tamanho.
GANHO COM DÓLAR
O estudo mostra um encolhimento geral nas margens de ganho (margem operacional) das empresas -caiu de 16,9% para 15,5% do segundo trimestre de 2010 para o segundo trimestre de 2011.
O indicador revela o quanto uma empresa retém de lucro para cada R$ 100 vendidos; quanto maior o percentual, mais lucrativa e eficiente é a companhia.
"Parece pouco, mas não é. As margens são muito sensíveis. Essa queda nas margens explica por que as empresas faturaram muito, mas o lucro foi quase o mesmo do ano passado", disse.
Os setores mais prejudicados com o encolhimento de margens foram o químico (passou de 31,8% para 7%), têxtil (9% para 5,8%) e construção civil (18,7% para 13%).
Só a Braskem, maior petroquímica da América Latina, viu sua margem encolher de 24,1% para 8% no período. Na Gerdau, as margens baixaram de 15% para 9,7%.
A redução nas margens de ganho só não derrubou mais os lucros das empresas porque o dólar diminuiu as despesas em reais com o pagamento de dívidas.
As despesas financeiras (descontadas as receitas) recuaram 32,9%, passando de R$ 7,05 bilhões para R$ 4,73 bilhões. No período, o dólar caiu 13,3%.
"Se não fosse o câmbio, o lucro não iria crescer nada no trimestre", disse Exel.
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