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Mercado já prevê a Selic em 10,75%
Agravamento da situação européia leva economistas a projetar corte de 0,75 ponto percentual. No mercado futuro, juros chegam a 10%.
O estado falimentar da Itália, que pode arrastar toda a Europa para um longo processo de recessão, levou os investidores a ampliar as apostas em um corte mais acentuado da taxa básica de juros (Selic) na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês. Pelas contas dos especialistas, já são de 43% as chances de o Banco Central derrubar a Selic em 0,75 ponto percentual, dos atuais 11,50% para 10,75% ao ano.
O que chamou a atenção do governo foi o fato de, pelos contratos com vencimento em janeiro de 2013, os mais negociados no mercado futuro, os investidores já sinalizarem que o BC está atrasado no processo de baixa da Selic. Até há bem pouco tempo, o grosso dos economistas gritava contra a decisão da autoridade monetária de diminuir os juros, pois a inflação se mantém muito distante do centro da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"É impressionante como o quadro mudou rápido no mercado financeiro. Agora, em vez de espelhar a preocupação com os cortes da Selic — a taxa básica caiu um ponto percentual de agosto para cá —, o mercado indica que os juros deveriam estar mais baixos, para evitar a desaceleração da economia brasileira em meio ao agravamento da crise mundial", disse um assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2013, as taxas ficaram abaixo de 10%.
Ousadia
Dentro do governo, o sentimento é de cautela. Todos acreditam que os juros continuarão caindo e que, até o fim do primeiro semestre de 2012, a Selic estará em um dígito. Mas a tendência é de o Copom ir cortando os juros em 0,5 ponto a cada reunião, para não correr o risco de ser atropelado por um agravamento da crise na Europa. "É importante deixar munição para quando houver o pior. Se esse pior se concretizar, aí, sim, o BC poderá agir com maior ousadia", assinalou um técnico do BC.
A perspectiva é de que, ao fim do encerramento do processo de afrouxamento monetário, a Selic fique entre 7% e 8% ao ano. "Os tempos que estão por vir são muito difíceis. Veremos pelo menos uma década perdida na Europa. Isso custará caro para o mundo e o Brasil terá que usar os juros menores para estimular o crescimento econômico por meio, sobretudo, do aumento dos investimentos produtivos", complementou o assessor de Mantega.
INFLAÇÃO RECUA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência pela política de metas de inflação do governo, deve ter desacelerado em outubro, mas ainda sem mostrar um quadro benigno definido, já que algumas pressões de preços se mantêm, segundo pesquisa da Reuters. A maioria das previsões de 20 analistas consultados aponta para uma taxa de 0,41%, em comparação aos 0,53% registrados em setembro. Na variação em 12 meses, o indicador deve cair para pouco menos de 7%. Educação, comunicação e artigos de residência foram alguns dos fatores que puxaram a inflação para baixo. Mas alimentos, bebidas, habitação e vestuário exerceram pressão de alta. O Banco Central afirma que, por causa da crise internacional, a inflação começará a perder força neste fim de ano e a convergir para a meta de 4,5% até dezembro de 2012.
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