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Altas da Selic podem estar perto do fim
Apostas pela redução na dose de juros também ganham corpo no mercado financeiro.
A escalada dos juros básicos da economia pode, enfim, estar se aproximando do fim. Nove meses depois de ter elevado a taxa Selic da mínima histórica, 7,25% ao ano, em abril de 2013, para os atuais 10,5%, em janeiro, há sinais de que o Banco Central (BC) se prepara para encerrar o ajuste na taxa básica.
As apostas dentro do governo são de que a autoridade monetária fará apenas mais duas altas na Selic, ambas de 0,25 ponto percentual, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro e de abril. Com isso, a Selic chegaria até dezembro em 11,0% ao ano, patamar ainda mais elevado que os 10,75% entregues à presidente Dilma Rousseff pelo seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Apostas pela redução na dose de juros também ganham corpo no mercado financeiro. Diariamente investidores negociam contratos com remuneração em juros, nos mercados futuros da Bolsa de São Paulo (BM&FBovespa). Essas operações tentam antecipar a tendência da Selic para os próximos meses e anos. A curva desses juros negociados mostrou ontem que 72% das apostas ainda são de uma elevação da Selic de 0,5 ponto percentual, na reunião do Copom marcada para o fim de fevereiro. Na sexta-feira, no entanto, o percentual de contratos que apontavam para elevação de 0,5 ponto era maior, de 82%.
A redução no ritmo de ajuste seria o primeiro passo para o fim do ciclo de juros, na visão do economista-chefe de um grande banco de investimentos. Nas últimas seis reuniões, o BC decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Havia expectativa de que a dose de juros pudesse ser reduzida em janeiro. Mas, à época, os dados recentes da economia apontavam para uma piora da inflação, e não desaceleração, o que inviabilizava corte na taxa.
IPCA menor
Pesou para a decisão do BC de manter o ritmo de ajuste em 0,5 ponto, disse um técnico do governo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, que registrou variação de 0,92%, a maior para o mês desde 2002. Em janeiro, a escalada da inflação foi de 0,55%, quando o conjunto de apostas do mercado financeiro apontava para uma elevação de 0,6%. Essa desaceleração combinada com a produção industrial de dezembro, com queda de 3,5% — também bem abaixo do que esperava o mercado —, indica que a dose de juros já aplicada pelo BC desde abril de 2013 pode ter surtido o efeito desejado de esfriar a economia e, com isso, forçar uma queda dos preços.
A desaceleração da inflação já foi percebida pelos analistas de bancos e corretoras, que revisaram ontem para baixo as projeções para o IPCA ao longo do ano. As apostas, agora, são de que o parâmetro oficial para o custo de vida no país acumule alta de 5,89% em 2014. Há uma semana, as estimativas eram de uma inflação de 6%, segundo divulgou o BC, na pesquisa Focus.
O que pode prejudicar esse plano de redução nos juros, disse a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendência, é a trajetória ainda preocupante do dólar. Em 15 de janeiro, quando o Copom decidiu elevar a Selic em 0,5 ponto, para os atuais 10,5% ao ano, o dólar fechou a R$ 2,35. Ontem, encerrou em R$ 2,4060. “Ainda há muita volatilidade, e isso é algo que ainda não pode ser descartado pelo BC”, disse.
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